quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

descortinando


Urgência urgentíssima: cortina na sala do meu apartamento, já que a porta-janela (ou janela-porta?) é de vidro. Ambiente totalmente devassado. Então fiz a parte que me cabia. Procurei loja, escolhi a mais simpática, agendei a medição, comprei, paguei e, dois dias depois, recebi  as pessoas responsáveis pela instalação. Um casal, ele para fazer os furos na parede; ela para colocar a cortina. Pareceu-me justo.
Já no início dos trabalhos, no entanto, senti o tamanho da encrenca. Começaram a confabular sobre o ponto dos furos e não conseguiam chegar a um acordo sobre questão das mais importantes: Se a cortina mede 2,40m de altura e a porta tem 2,10m, a quantos centímetros do marco devemos furar a parede?
Eu não tenho grande simpatia por números, mas confesso que só não ri porque do resultado daquele problema matemático dependia a sanidade da minha sala.
Pois fizeram os furos. No lugar errado. Furaram de novo, mais abaixo. Viga de concreto. O homem suava. A mulher escrevia  no meu tabuão escuro com o salto do sapato.
Duas horas e quinze minutos depois, o varão estava no lugar. Acima dele, dois buracos  cuidadosamente cobertos com gesso branco, na parede creme, acusavam a porcaria do serviço. Meu estômago já nem reclamava mais de fome, tinha-se acostumado. Minha TV novinha, apesar da toalha que eu jogara  por cima, cuspia pó de tijolo e concreto. Poeira por todos os lados. Sulcos profundos – vários, muitos! – no laminado marrom escuro.
A cortina? Voltou para a costureira, cheia de pontas, com diferenças de até dois centímetros.
Eu? Neste momento, sentada bem no meio da sujeira (ainda não tive coragem de limpar), desabafando aqui, já que disso depende a minha sanidade.
Pensando (e sentindo) bem, já compartilhei, já bufei três vezes, já estou ótima, pronta para rodo e pano de chão. Fui!  Ah, antes que me esqueça, desculpem qualquer coisa.

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