quinta-feira, 15 de abril de 2010

Aurora



Tenho saudade do tempo
em que era o senhor do universo.
Confesso: a sensação de poder
que teu amor me causava
fazia-me Deus.

Tenho saudade do tempo
em que eras reflexo de mim
- eu de ti -
e assim nós dois,
duplos, mas únicos; ilógicos,
perfumávamos de anis as manhãs.

Tenho saudade das coisas
além do mar
que o teu olhar me mostrava;
hoje, nada...

Ontem, riso; hoje, lamento
- tu, Aurora.
O que antes era leve brisa perfumada
hoje sopra, ensandecido, pela estrada
e destrói o catavento
da minh'alma.

AlterEgo