sábado, 8 de maio de 2010

O que nos move, o que nos prende



Eu tinha 18 anos, cidadezinha do interior. Estava em minha loja, observando as poucas pessoas que passavam. De repente, movimentação inusitada. Fui para a porta da loja e vi. Três sujeitos espancavam um homem bêbado e o jogavam na caçamba de uma caminhonete – ele, ensanguentado e sujo – como se fosse um saco de batatas.

O motivo de tanta violência, não sei. Mas nada justificaria tal brutalidade.

O que eu senti ao assistir à cena me assombra até hoje. Um impulso enorme de sair em socorro do homem, gritando que o soltassem, que não podiam tratar ninguém daquela maneira. E – no instante seguinte – uma força paralisante, um medo, uma covardia, um pensar nas consequências (mesmo sem saber quais), que me fizeram fugir para o interior da loja.

Essa lembrança me persegue. Se eu tivesse tentado socorrê-lo, que espécie de pessoa seria hoje? Bem diferente do que sou, tenho certeza. Ou não?

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