Supermercado lotado, filas enormes para tudo,
pessoas estressadas evidentemente. Assim como eu , imagino que todos,
civilizados, recitando o mantra paciência... paciência... paciência.
De repente, dois casais desistem
da civilidade, agridem-se, xingam-se por palavrões.
Uma das mulheres faz uma cena
horrível, prevalecendo-se da
prerrogativa do gênero, e também de estar com um filho pequeno (pensasse nisso
antes de fazer o escândalo – ou o
filho). Um dos homens, ofendido na sua condição de
macho grita: “ Seu marido foi grosseiro
com minha mulher, está pensando que ela está sozinha?” ( quer dizer ....)
Não sei o que me deixou mais chocada.
A fúria dessas quatro pessoas, o povo que juntou, o tempo que demorou para aparecer algum
segurança, a reação do público (sim, era
um show!), metade vaiando, outra metade rindo. A atitude dos quatro
protagonistas, jogando-se uns contra os outros, só não se bateram porque os
tais seguranças, enfim, apareceram. A agressividade latente nas pessoas que
gritavam: “Ele está certo, ela mandou ele tomar naquele lugar!” Ou: “Ele é um covarde, não se bate em mulher!” A necessidade da catarse. A sensação de desamparo que eu senti, não por estar sozinha,mas pela
desconfortável suspeita de que Hobbes tem razão.
- Mãe, se eu quebrar meus óculos, as pessoas
ficarão mais humanas?
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