sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 22 de junho de 2012
quinta-feira, 21 de junho de 2012
memória - coisa mais chata
Ele só falava das “bodas de diamante”,
no próximo julho. Ela, a mais esquecidinha dos dois, vez por outra resmungava: “Bodas
coisa nenhuma!” Nós já nos empolgávamos,
embarcando na viagem dele, já pensando
na lista de convidados, preparando outra festa de arromba. Até que, do nada, o
desmancha-prazeres:
- Agora lembrei, isso foi no ano
passado, a festa e tudo.
Ah, paizinho, francamente... que
coisa mais sem graça!
quarta-feira, 20 de junho de 2012
lena
LENA
Mais uma vez ela se levantava de uma cama estranha.
A vida que conhecia era de braço a_braço, de boca em boca.
O nome era de santa –
ou quase.
Louca, louca, louca! Desvairada, jogava-se em águas sombrias,
dançava. O tornozelo e o quadril hipnotizavam.
E lá se ia – e sempre
dela menos voltava:
sobrava um travo, um gosto de pecado, um resto de nada.
Até que Mada se forMaria.
poema de gratidão
A lua prateada que tu me deste
foi entrando devagar pela janela -
receio de assustar, pejo de invadir.
Suave, mansa, espiou cada canto
e em cada canto deixou seu rastro.
Viu-me reclinada,
as mãos soltas, abandonadas,
os olhos vazios como que esperando
por tudo ou por quase nada.
E foi-se dando em
sopros.
Enfim iluminou o quarto todo, até a escura almofada
onde eu me encontrava.
Tocou o corpo seco, o peito rígido,
os lábios ásperos.
E tudo se fez brilho por obra dessa lua.
Todavia, um olhar zeloso e amável
para além de mim,
além da lua
veria os teus dedos, o teu carinho -
toda generosidade tua.
terça-feira, 19 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
alento
A
avó e seu netinho não estavam de mãos dadas. A criança segurava a ponta de um
galho e a mulher segurava a outra ponta.
Tomavam conta de toda a largura da calçada. Distraída, quase perco a poesia;
mas o olho do menino me atraiu. Era tanta
confiança que me comovi. E no olhar da avó, ternura e paz. Voltei para casa com
a maravilhosa certeza de que o mundo, afinal, tem salvação.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
HOMEM LOBO DO HOMEM
Supermercado lotado, filas enormes para tudo,
pessoas estressadas evidentemente. Assim como eu , imagino que todos,
civilizados, recitando o mantra paciência... paciência... paciência.
De repente, dois casais desistem
da civilidade, agridem-se, xingam-se por palavrões.
Uma das mulheres faz uma cena
horrível, prevalecendo-se da
prerrogativa do gênero, e também de estar com um filho pequeno (pensasse nisso
antes de fazer o escândalo – ou o
filho). Um dos homens, ofendido na sua condição de
macho grita: “ Seu marido foi grosseiro
com minha mulher, está pensando que ela está sozinha?” ( quer dizer ....)
Não sei o que me deixou mais chocada.
A fúria dessas quatro pessoas, o povo que juntou, o tempo que demorou para aparecer algum
segurança, a reação do público (sim, era
um show!), metade vaiando, outra metade rindo. A atitude dos quatro
protagonistas, jogando-se uns contra os outros, só não se bateram porque os
tais seguranças, enfim, apareceram. A agressividade latente nas pessoas que
gritavam: “Ele está certo, ela mandou ele tomar naquele lugar!” Ou: “Ele é um covarde, não se bate em mulher!” A necessidade da catarse. A sensação de desamparo que eu senti, não por estar sozinha,mas pela
desconfortável suspeita de que Hobbes tem razão.
- Mãe, se eu quebrar meus óculos, as pessoas
ficarão mais humanas?
domingo, 3 de junho de 2012
sábado, 2 de junho de 2012
posse
POSSE
Enquanto a boca sugere, macia e meiga,
os cabelos enredam,
os olhos subjugam.
Por fim,
o monstro que mora em
mim te liberta.
Mas não exatamente a
ti: aquele
que só eu conheci, fora de mim
é sombra, é pó, é nada.
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